Dieta carnívora apresenta melhoria no desempenho de atleta de alto rendimento

Trabalho de Conclusão de Curso de estudantes de Medicina aponta benefícios à atividade atlética e à saúde geral de esportista

Dieta carnívora apresenta melhoria no desempenho de atleta de alto rendimento
Dieta carnívora apresenta melhoria no desempenho de atleta de alto rendimento (Foto: Reprodução)

Trabalho de Conclusão de Curso de estudantes de Medicina aponta benefícios à atividade atlética e à saúde geral de esportista


Redução de inflamações, aumento da eficiência metabólica e ventilatória e microbiota mais saudável foram alguns dos resultados obtidos após cinco anos de dieta exclusivamente carnívora do atleta de Ultraman, Alessandro Medeiros. O estudo de caso foi tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dos estudantes Everton Edgar de Carvalho e Jefferson da Silva Suquere, apresentado na Faculdade Morgana Potrich, em Mineiros (GO). O orientador dos graduandos, Eurípedes Barsanulfo Borges dos Reis, é um dos médicos que faz acompanhamento clínico e do desempenho do atleta.

A nutricionista Letícia Moreira, especializada em dietas low carb, cetogênica e carnívora, também faz parte do grupo que trabalha com Medeiros, de 54 anos, cuja dieta é quase 100% baseada em carne bovina. Ela explica que o atleta é acompanhado por uma equipe e constantemente faz exames para se observar os impactos que essa alimentação tem sobre seu organismo e performance. Apesar de ele morar nos Estados Unidos, vem com frequência ao Brasil para que essas análises possam ser feitas.

“Os estudantes usaram os exames realizados ao longo dos cinco anos de acompanhamento para determinar as mudanças que a alimentação exclusivamente carnívora trouxe ao atleta. Os resultados foram positivos e até mesmo surpreendentes, principalmente, em relação à microbiota intestinal, uma vez que Medeiros se alimenta unicamente de carne, sem ingestão de fibras encontradas em frutas e verduras”, pontua Letícia.

Segundo os resultados do trabalho, a microbiota intestinal do atleta apresentou um perfil saudável, contradizendo a ideia de que a ausência de fibras prejudicaria o funcionamento. Em 2023, após mais de três anos em dieta carnívora estrita, a microbiota de Medeiros apresentou predominância de bactérias com propriedades anti-inflamatórias, como Faecalibacterium prausnitzii (10,3%) e Blautia (15,4%). “Hoje ele vai para uma prova e não passa mal, o que era uma das suas grandes preocupações antes dessa dieta”, destaca a nutricionista.

O estudo também avaliou os efeitos da alimentação com foco nos impactos metabólicos, fisiológicos e de desempenho. De acordo com o TCC, Medeiros relatou melhorias significativas na eficiência metabólica e ventilatória, redução de inflamação e maior recuperação muscular, além de melhora no desempenho em provas de longa duração. Além disso, exames genéticos indicaram predisposições favoráveis que permitiram uma adaptação eficaz à dieta carnívora, destacando uma capacidade aprimorada de metabolizar gorduras e maior resistência à fadiga. Letícia conta que Medeiros muitas vezes se sentia fatigado após uma prova de endurance e que sua recuperação era demorada. Hoje, com a alimentação carnívora estrita, ele se recupera mais rápido, justamente por causa da produção de corpos cetônicos como fonte de energia.

Segundo os autores do estudo, os resultados do atleta sugerem que a carne vermelha pode desempenhar um papel positivo na manutenção de uma microbiota intestinal saudável, desafiando os paradigmas vigentes e abrindo caminho para uma nova compreensão sobre a relação entre dieta carnívora, microbiota intestinal e desempenho atlético. “Fora do Brasil já existem várias pesquisas sobre o assunto, e esse TCC é o primeiro passo para entendermos como funciona a alimentação totalmente carnívora”, acredita Letícia.

Competição em jejum

O acompanhamento do desempenho de Medeiros será mais uma vez a base de um TCC que irá analisar os resultados obtidos por ele no Campeonato Mundial de Ultraman em Kona, no Havaí, nos Estados Unidos, que ocorre entre os dias 29 e 1º de dezembro. Essa não é a primeira participação do atleta na disputa, mas diferentemente das outras vezes, em 2019 e 2022, quando recebia alimentação ao final de cada dia de disputa, dessa vez ele irá se alimentar apenas de água e eletrólitos durante os três dias da prova.

Letícia e uma equipe vão acompanhar Medeiros ao Havaí e colher amostras para vários exames antes, durante e após a competição, que servirão de base para mais um estudo que será apresentado em 2025. “Já fizemos alguns simulados para esse Ultraman, em que ele foi trabalhar e treinar em jejum. Ele fez uma superalimentação apenas com carne bovina, que está sendo intensificada nessa semana anterior à prova. No final, faremos também a coleta da microbiota intestinal, e depois veremos os resultados.”

Apesar dos resultados positivos obtidos, os autores do TCC observam que não é possível generalizar esses resultados para outros atletas ou para a população em geral sem mais pesquisas. Eles pontuam que estudos futuros que incluam amostras maiores e grupos de controle que sigam diferentes tipos de dietas seriam fundamentais para avaliar de maneira mais robusta os potenciais benefícios e riscos desse regime alimentar.

“Casos como o do Medeiros devem ser acompanhados por profissionais da saúde, para que seja analisada a evolução do organismo. É importante reforçar que é sempre recomendado que a pessoa passe por um acompanhamento, tendo em vista a importância da análise de saúde quando se trata de alimentação carnívora estrita”, finaliza a nutricionista.

Incentivo ao consumo da carne
Com o apoio da Connan, uma das principais indústrias de nutrição animal do Brasil e a Fazenda Mundo Novo, propriedade localizada em Uberaba (MG) e especializada em seleção da raça Nelore Lemgruber, Letícia e o atleta Medeiros se engajaram no projeto “Carne Faz Bem”, que pretende reforçar a qualidade da carne brasileira, as boas práticas na pecuária de corte a importância da ingestão de proteína animal para os seres humanos.


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