Obesidade X a relação do brasileiro com a alimentação: um alerta necessário
Dra Fernanda Weiler, médica cardiologista e certificada internacionalmente em Medicina do Estilo de Vida, faz um importante alerta na relação entre obesidade e o comportamento dos brasileiros
Considerada uma das grandes epidemias do século XXI, a obesidade é uma doença crônica que atinge mais de 60% dos brasileiros adultos, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2022. E muito além do excesso de peso, a obesidade está diretamente associada a complicações graves, entre eles doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e até mesmo alguns tipos de câncer.
Fatores genéticos e do metabolismo contribuem para a doença, mas o fato é que o comportamento social e cultural dos brasileiros desempenha um papel crucial. “A relação dos brasileiros com a comida vai além da nutrição; é uma forma de socialização. São almoços de domingo com a família, reuniões de trabalho que acontecem em restaurante e até a famosa ‘pausa para o café’ durante o dia de trabalho são parte da nossa identidade. O problema é que esses momentos envolvem excessos alimentares e, quase sempre, escolhas pouco saudáveis”, fala Dra Fernanda Weiler, médica cardiologista e especializada em Medicina do Estilo de Vida pela Harvard Medical School. “O problema não está apenas ao comer demais, mas ao comer automático quando estamos em reuniões familiares ou profissionais. Estudos já mostraram que nessas ocasiões podemos ingerir até 25% mais calorias do que o necessário pelo simples fato de não estarmos atentos à alimentação, mas ao ambiente”, completa a médica.
Este comportamento enraizado contribui para que os números da obesidade cresçam cada vez mais, mas a boa notícia é que podemos mudar esse caminho. E mudar essa realidade inclui alterar os nossos hábitos culturais. “A primeira coisa a se compreender é que não precisamos tirar os encontros à mesa da nossa rotina; precisamos apenas melhorar a qualidade do que é servido. Trocas simples como os salgadinhos industrializados de aperitivos por palitos de pepino e cenoura já fazem uma grande diferença na nutrição e na saúde. Os encontros em restaurantes podem acontecer, mas que tal escolher um que sirva ‘comida de verdade’ no lugar do fast food? A verdadeira mudança começa no simples”, explica a doutora.
Outros hábitos também devem ser revistos: a televisão ligada no horário das refeições, o se alimentar enquanto mexe no celular são outras mudanças que devem ser promovidas. “A hora de se alimentar é hora de se alimentar. Televisão, celular, livros devem ser deixados de lado e a atenção plena ao prato deve ser praticada. Quando nos concentramos nas texturas, nos sabores do prato, mandamos ao nosso corpo um sinal de que estamos carregando a nossa energia e isso, acredite, impacta na sensação de saciedade e até na quantidade de comida que ingerimos”, continua Fernanda.
Importante dizer que não é o happy hour da sexta-feira ou a confraternização de final de ano que vai fazer com que uma pessoa se torne obesa, mas a somatória de sua relação com a alimentação ao longo do ano. “O alerta está sendo dado neste momento de intensa celebração social, mas a atenção ao que se come e ao desenvolvimento da obesidade é assunto a ser falado e cuidado ao longo dos 365 dias do ano”, finaliza a especialista.
Sobre a Dra Fernanda Weiler:
Dra Fernanda Weiler é formada em medicina pela Universidade de Brasília (UNB) com residência em cardiologia pela mesma Universidade. É membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e certificada internacionalmente em Medicina do Estilo de Vida. Entre 2014 e 2015 foi professora da UNB, mesma Universidade em que se formou.
Sua extensão em Medicina do Estilo de Vida, feita na Harvard Medical School (EUA) fez com que Dra Fernanda passasse a olhar a saúde cardíaca como resultado também (e principalmente) das escolhas de vida de cada pessoa. Defensora da atividade física e da promoção dos bons hábitos, dedica parte de sua carreira a incentivar seus pacientes e seguidores das redes sociais a adotarem melhores hábitos no que tange aos seis pilares da Medicina do Estilo de Vida.
Dra Fernanda é também co-fundadora do grupo “Mais uma D.O.S.E (dopamina, ocitocina, serotonina, endorfina)”, que visa a melhora na qualidade de vida através da Medicina do Estilo de Vida.
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