Perita esclarece detalhes do tiro que vitimou a médica da Marinha

Avaliação de ferimentos por projéteis ajuda a determinar a dinâmica do disparo e dados essenciais para investigações criminais"

Perita esclarece detalhes do tiro que vitimou a médica da Marinha
Perita esclarece detalhes do tiro que vitimou a médica da Marinha (Foto: Reprodução)


A divulgação do laudo pericial sobre a morte da médica Gisele Mello, atingida por um disparo de pistola, trouxe à tona detalhes que lançam luz sobre as circunstâncias do incidente. O exame confirmou que o tiro partiu de uma região de casas na localidade em que o crime ocorreu. Especialista em perícia médica destaca a importância da análise de projéteis de arma de fogo para a compreensão do caso. 


De acordo com as informações divulgadas sobre o laudo pericial da médica da Marinha, “o tiro entrou pela nuca da oficial, num impacto de trás para frente, na direção de cima para baixo, da esquerda para a direita no plano mediano”. Segundo Caroline Daitx, especialista em medicina legal e perícia médica, essas informações foram obtidas pela análise detalhada dos orifícios de entrada (do projétil, conhecido popularmente como bala) e das lesões profundas, durante o exame necroscópico. “Quando um projétil se choca com algum anteparo antes de atingir a vítima pode alterar o formato e dificultar a caracterização do ferimento de entrada ou saída. A avaliação de ferimentos causados por projéteis não apenas ajuda a determinar a dinâmica do disparo, mas também fornece dados essenciais para investigações criminais e análises judiciais”, ressalta a perita.


Daitx explica que as características do ferimento de entrada, como a forma e o diâmetro do orifício, podem indicar a distância e o ângulo do disparo. "Quando um projétil encontra anteparos antes de atingir a vítima, como aparenta ter ocorrido neste caso, sua trajetória pode ser alterada, dificultando a interpretação das lesões", comentou.


No caso em questão, o projétil penetrou pela nuca, com impactos sugerindo um disparo a longa distância que passou por uma janela antes de atingir a vítima. "Esse tipo de dano pode comprometer a identificação do calibre da arma ou a associação do projétil a uma arma específica, mas não inviabiliza a investigação se houver perícia adequada no local e manutenção da cadeia de custódia, ou seja, o conjunto de procedimentos e documentação que registra a história cronológica de um vestígio coletado em um crime”, acrescenta a médica.


A análise necroscópica também permite determinar desvios internos do projétil ao atingir estruturas ósseas ou tecidos. Esses detalhes são cruciais não apenas para entender a mecânica do tiro, mas também para auxiliar no confronto balístico entre projéteis encontrados e armas apreendidas.


De acordo com a médica, "a precisão e o rigor na execução das perícias são fundamentais para que a justiça possa contar com subsídios técnicos e científicos na apuração dos fatos. Além disso, a contribuição de especialistas na cena do crime é indispensável para registrar elementos que podem ser determinantes para o desfecho das investigações”, enfatiza a especialista.


Fonte: Caroline Daitx: médica especialista em medicina legal e perícia médica. Possui residência em Medicina Legal e Perícia Médica pela Universidade de São Paulo (USP). Atuou como médica concursada na polícia científica do Paraná e foi diretora científica da Associação dos Médicos Legistas do Paraná. Pós-graduada em gestão da qualidade e segurança do paciente. Atua como médica perita particular e promove cursos para médicos sobre medicina legal e perícia médica.  


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