Dezembro laranja: apenas 5.998 radioterapias foram realizadas pelo SUS em 2023 para tratamento de câncer de pele
Apesar de não ser a única alternativa de tratamento, o número baixo de radioterapias para tratar o câncer de pele chama a atenção da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) por ser o tipo de câncer mais frequente no Brasil e no mundo. Os dados do DataSUS mostram que em 2023 foram realizados menos de 6 mil procedimentos. Marca deve ser superada em 2024: de janeiro a outubro foram realizadas 5.974 radioterapias; número ainda bem abaixo dos quase 230 mil casos anuais de câncer de pele notificados no país
O câncer de pele é o tipo de câncer mais comum no Brasil. Estima-se que neste ano somem 220 mil casos do tipo não melanoma, o que representa 30% de todos os cânceres. Já o melanoma deve somar 8.980, sendo a região Sul e Sudeste com a maior incidência, respondendo por cerca de 70%, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Este tipo de câncer representa uma grande preocupação para o sistema de saúde, especialmente porque a tendência é aumentar, conforme aponta os dados da base Cancer Tomorrow, da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS). Segundo o levantamento, as mortes anuais por melanoma no Brasil vão saltar de 2,2 mil registradas em 2022 para 4 mil em 2040, um aumento de 80% no comparativo entre os dois anos.
Considerando a alta incidência, a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) alerta para o número relativamente modesto de radioterapias realizados no Brasil. De acordo com os dados do DataSUS, no ano de 2023 apenas 5.998 radioterapias foram realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Marca deve ser superada em 2024, pois de janeiro a outubro (não estão disponíveis até o momento os dados de novembro) foram realizadas 5.974 radioterapias; número ainda bem abaixo dos quase 230 mil casos anuais de câncer de pele no país. Tanto o melanoma quanto os tipos não melanoma, como o carcinoma basocelular e o espinocelular, exigem cuidados especializados e a radioterapia é um dos pilares de tratamento, principalmente em casos avançados ou quando a cirurgia não é viável.
Para Wilson José de Almeida, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), a radioterapia pode ser muito eficaz para o tratamento de cânceres de pele. “No câncer de pele, principalmente dos tipos carcinoma basocelular (CBC) e carcinoma espinocelular (CEC), a radioterapia pode ser empregada como tratamento definitivo ou em combinação com a cirurgia. No caso dos melanomas, a radioterapia pode representar uma alternativa para pacientes não candidatos à cirurgia ou para aumentar o controle local após uma operação. Em pacientes com doença em outros órgãos, além do local inicial a irradiação pode ser útil para auxiliar no controle local da doença ou no controle de sintomas. Em casos selecionados, a radioterapia oferece resultados comparáveis à cirurgia, com mais de 90% de controle da doença em cinco anos”, explica.
Segundo o Ministério da Saúde, 60% dos casos totais dos pacientes com câncer de pele são tratados pelo SUS, sendo assim, estima-se que para o câncer de pele não melanoma um total de 132.294 pessoas procuram a rede pública; já o melanoma, 5.388. “Embora seja uma técnica consolidada, o número de radioterapias ainda está muito baixo, comparado com o grande número de casos estimados no país por ano. A radioterapia pode ser utilizada tanto em tratamentos curativos quanto paliativos para pacientes com melanoma avançado ou não melanoma. No entanto, muitos pacientes acabam não tendo acesso a esse recurso devido à falta de estrutura e pela necessidade de percorrer longas distâncias”, comenta de Almeida.
Tipos de câncer de pele
O câncer de pele pode ser classificado em não melanoma e melanoma, com características e tratamentos distintos. O não melanoma é o tipo mais comum e representa a maioria dos casos de câncer de pele. Ele é formado em células da camada mais superficial da pele e é geralmente menos agressivo que o melanoma, como o caso do carcinoma basocelular e espinocelular. Já o melanoma é um tipo de câncer de pele muito mais raro, mas significativamente mais agressivo. Ele se origina nos melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina, o pigmento que dá cor à pele. O melanoma pode se espalhar rapidamente para outras partes do corpo (metástase), tornando-o mais perigoso.
Fatores de Risco
A exposição excessiva e desprotegida ao sol, especialmente em horários de pico, entre 10h e 16h é o principal fator de risco para desenvolver a doença. “Pessoas com pele clara, que queimam facilmente, têm maior predisposição, assim como aquelas com histórico familiar de câncer de pele ou melanoma. Trabalhadores rurais ou urbanos que fiquem expostos ao ambiente e à luz solar são um grupo de risco para desenvolver neoplasia cutânea após alguns anos de exposição. Além disso, indivíduos com múltiplos sinais ou pintas na pele, ou aqueles com o sistema imunológico enfraquecido, como em casos de transplantes de órgãos, também estão em maior risco.”, explica.
Para prevenir o câncer de pele, é essencial adotar medidas de proteção solar, como o uso diário de protetor solar com fator de proteção adequado, roupas de proteção e chapéus, além de evitar a exposição ao sol excessiva. Para esses grupos bem, como para as pessoas com exposição elevada devido ao trabalho, é recomendado realizar exames regulares com os médicos dermatologistas para identificar alterações precoces da pele em áreas expostas ao sol e alterações de crescimento ou mudança de características de nevos cutâneos (pintas) o que permite um diagnóstico mais rápido e tratamentos mais eficazes.
Sobre a Sociedade Brasileira de Radioterapia
A Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), fundada em 1998, é uma associação civil, brasileira, associativa e científica de direito privado, sem fins lucrativos, que reúne e representa os médicos radio-oncologistas, legalmente registrados no Brasil. Mais informações: https://sbradioterapia.com.br/
SENSU Consultoria de Comunicação
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